Flauta Doce Soprano

flauta doce soprano

As Origens Ancestrais

A flauta soprano, também conhecida como flauta doce descante, tem uma longa e rica história como instrumento musical. A flauta doce é um instrumento de sopro de madeira que produz som a partir de uma embocadura tipo assobio.

Faz parte da família das flautas de canal interno. O instrumento é distinguido por ter um orifício para o polegar na mão superior e sete orifícios para os dedos. Os antecedentes da flauta doce remontam a milhares de anos.

Acredita-se que neandertais que viviam há 60.000 anos criaram instrumentos musicais a partir de ossos com furos neles. Essas flautas primitivas são ancestrais de todas as flautas de canal, incluindo as flautas doces.

Os antigos romanos, gregos e egípcios usavam vários tipos de flautas de canal. Platão se referiu à aulos, similar à flauta doce, em seus escritos. Algumas flautas de canal datando dos séculos IX e VII a.C. foram encontradas no norte do Iraque.

As primeiras flautas doces retangulares surgiram no século XIV. Essas flautas doces primitivas possuíam duas partes inferiores, cada uma com três orifícios para os dedos. Os instrumentos eram feitos de uma só peça e tinham uma extensão limitada de notas.

O Desenvolvimento da Flauta Doce

Com o início do Renascimento no século XV, a flauta doce se tornou mais refinada e disseminada. Fabricantes de instrumentos adicionaram uma terceira parte inferior para expandir a extensão.

Flautas doces foram feitas em diferentes tamanhos para acomodar diferentes extensões – desde sopranino até baixo. Compositores começaram a escrever partes para flauta doce em madrigais, motetos e outras músicas sacras.

O Auge da Popularidade

Os séculos XVI e XVII foram a era de ouro da flauta doce. As flautas doces eram produzidas em massa em oficinas centradas na Alemanha e Holanda. Melhorias de design tornaram os instrumentos mais fáceis de tocar e expandiram suas capacidades.

Compositores proeminentes como a família Bach e Henry Purcell escreveram muitas peças para a flauta doce. Famílias abastadas mantinham flautas doces para fazer música. O instrumento também se tornou popular na música folclórica em toda a Europa.

O Declínio

No início do século XVIII, a flauta doce começou a declinar em popularidade e uso. A traverso, uma versão primitiva da flauta moderna, deslocou a flauta doce como instrumento de sopro de escolha em concertos e orquestras.

À medida que a era barroca foi transitando para o período clássico, a flauta doce não conseguia igualar o volume, potência e capacidades tonais da traverso. Compositores importantes como Mozart e Beethoven escreveram menos partes para flauta doce em suas partituras musicais. Durante o século XIX, a flauta doce quase se extinguiu.

Ela sobreviveu em poucas áreas, como na música folclórica inglesa. Instrumentos recém-surgidos, como o clarinete, provaram-se mais adaptáveis às grandes orquestras sinfônicas que se desenvolveram durante o século XIX.

Além disso, a flauta doce não conseguia igualar a potência da flauta ou dos novos pianos de concerto.

Ressurgimento

No virar do século XX, houve um interesse renovado na música antiga e em instrumentos da era renascentista, como a flauta doce. Intérpretes e fabricantes de instrumentos lideraram uma revitalização da flauta doce. Novos conjuntos de flautas doces foram formados, flautas doces foram adicionadas a orquestras de instrumentos de época e compositores voltaram a escrever partes para flauta doce.

Flautas doces de madeira inspiradas historicamente foram fabricadas para substituir os modelos barrocos do instrumento. A flauta doce cresceu em popularidade ao longo do século XX e ganhou seguidores em estilos populares como rock e jazz.

Hoje, a flauta doce continua a prosperar. Compositores contemporâneos estão escrevendo novo repertório para o instrumento. Flautas doces são produzidas em massa em madeira, plástico e outros materiais para torná-las acessíveis.O ensino de flauta doce é comum em escolas primárias.

Compositores contemporâneos proeminentes de música para flauta doce incluem Gordon Jacob, Malcolm Arnold e Benjamin Britten. Destacados flautistas solistas como Michala Petri e Piers Adams promovem o instrumento através de concertos e gravações.

Existem festivais de flauta doce realizados em todo o mundo. A flauta doce fez um ciclo completo desde suas raízes antigas e quase extinção. Ela continua sendo um popular instrumento de música antiga e também aparece em gêneros contemporâneos.

A simples e elegante flauta doce continua atraindo novos músicos fascinados por seu som e história. A popularidade passada da flauta doce abriu caminho para outros instrumentos de sopro como a flauta e o clarinete.

Este instrumento antigo, porém vivo, certamente permanecerá uma parte integral da paisagem musical por muitos anos vindouros.

A Flauta Doce no Brasil

A flauta doce no Brasil: Um instrumento antigo em nova terra A flauta doce tem uma longa e rica história na música europeia, remontando muitos séculos atrás. Esse pequeno instrumento de sopro conquistou seu espaço também no continente americano, especialmente no Brasil.

Apesar de ter chegado depois, a flauta doce fincou raízes no país e se integrou fortemente à cultura e música brasileiras. Os primeiros registros da presença da flauta doce no Brasil datam do período colonial.

Com a vinda da família real portuguesa em 1808, o ensino e prática de instrumentos como cravo, violino e flauta se estabeleceram na sociedade brasileira. Missionários e colonizadores já haviam trazido consigo alguns instrumentos nos séculos anteriores.

No século XIX, a flauta doce já era ensinada em conservatórios do Rio de Janeiro e São Paulo, assim como harpa, pianoforte e outros. Ela também era tocada por músicos amadores da aristocracia para entretenimento doméstico.

Nessa época, o Brasil recebeu diversos imigrantes europeus, que trouxeram seu conhecimento do instrumento. Na primeira metade do século XX, a flauta doce continuou sua trajetória no país, embora ofuscada pelo surgimento e popularização de novos instrumentos.

Ela permaneceu como ferramenta pedagógica no ensino de música, introduzindo crianças aos instrumentos de sopro. A partir da década de 1950, começou um movimento de resgate da flauta doce no Brasil, especialmente na música erudita.

A estudiosa Edelzait Vianna dedicou-se à pesquisa musicológica e à execução do instrumento. Em 1956, fundou o Grupo de Flautas Doces da UFRJ, um marco na história da flauta no país. Nas décadas seguintes, a flauta doce ganhou força no meio acadêmico brasileiro. Foram realizados festivais, encontros nacionais e cursos especializados. Surgiram novos grupos e solistas dedicados ao instrumento.

Compositores passaram a escrever peças inéditas para flauta doce. Na música popular, o instrumento também encontrou espaço. Recentemente, a flauta doce vem conquistando novos admiradores no país através de performances solo e grupos que mesclam o instrumento com pop, jazz e world music.

Jovens flautistas vêm se destacando nessa nova geração. Hoje, a flauta doce tem sua posição garantida na cultura musical brasileira. Crianças continuam tendo seu primeiro contato com instrumentos através dela.

Universidades e conservatórios possuem classes especializadas. Na música erudita e popular, novos intérpretes seguem explorando suas possibilidades. O fascínio pela sonoridade única da flauta doce permanece encantando plateias ao redor do país.

Quatro séculos após seu desembarque no Brasil, a flauta doce segue florescendo em terras tropicais, com seu som doce e história centenária mesclando-se à musicalidade brasileira. Mostra-se um instrumento versátil, adaptando-se tanto à música dos salões quanto às ruas do país. Com certeza ainda reserva muitos capítulos e melodias em sua longa trajetória no país.

Música Brasileira

Dentre as diversas vozes da família das flautas doces, a soprano e a tenor se mostram mais adaptáveis à música brasileira por terem sua afinação em dó maior.

Essa tonalidade se encaixa perfeitamente ao repertório popular nacional, permitindo que a flauta soprano e tenor acompanhem com facilidade canções mantendo o tom original.

Seus timbres agudos e doces também complementam ritmos como choro, frevo e baião, proporcionando uma sonoridade suave e melódica. Assim, essas duas vozes da flauta doce conseguem se incorporar organicamente em diversos gêneros musicais brasileiros, demonstrando versatilidade e afinidade com a cultura local.

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